XIII. O Tempo e as Dunas

Corações escondidos. O filtro é escuro nesta dimensão. É a escuridão que me dá controlo aqui. Os músculos e tendões que uma vez te obedeceram rebelam-se. O puro facto de aqui estares só confunde a mente.

O meu coração é meu. Achas que podes chegar e conquistar? Isso não vai acontecer. Veni, vide, vici. Não vais conseguir fugir. No final, o teu coração vai ser engolido pelo meu. Para sempre. Não, eu vou dizer-te onde fica a saída.

Tu nem dominas a tua escuridão, que sangras das feridas que não sabes ter. Como podes pensar triunfar? Vais descobrir em breve. Não me digas que há mais alguém aqui? És traiçoeiro. Aprendi com o melhor.
"Eu não posso ser objecto imediato do conhecimento, porque se fosse conhecível a nossa alma, requerer-se-ia uma alma segunda para conhecer a primeira e uma terceira para conhecer a segunda."
- Paul Deussen
Não tenho medo do escuro, podes controlar o corpo, podes atirar-me ao abismo. Nunca vou largar o que é meu.

Palavras caras para quem não tem faca nem queijo. Mas eu tenho paciência. Toma o teu tempo com esta disputa feudal, mas não te esqueças. Tu és só um de muitos caminhos que eu posso tomar. Acredita, eu certifiquei-me disso.
"Je est un autre."
- Arthur Rimbaud
Ser como tu. Estás a lavar a cara e levanta-la para a veres ao espelho. Olhos dourados e cabelo esbranquiçado.

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